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Ice AVenturaS

A Aventura de estar no topo do meu Iceberg... Ou seja, da minha mente! Pensamentos, reflexões, experiências, assuntos sérios ou maluquices da pessoa, mãe e psicóloga... Uma viagem talvez alucinante e meio louca!

Ice AVenturaS

A Aventura de estar no topo do meu Iceberg... Ou seja, da minha mente! Pensamentos, reflexões, experiências, assuntos sérios ou maluquices da pessoa, mãe e psicóloga... Uma viagem talvez alucinante e meio louca!

Mas alguém lhe perguntou alguma coisa?

Há alturas em que dá mesmo vontade de responder isso... 

- Muito obrigada pela sua opinião, mas, só por curiosidade, quem é que lha pediu?

- Percebo que queira ajudar, mas eu pedi-lhe ajuda?

 

É que "nisto" da paternidade, o que não falta é gente a opinar... 

Porque também se é pai/mãe; porque se é ti@/avó(ô)/prim@; porque já se foi criança; porque se sabe; porque se tem boas intenções e se quer ajudar; porque apetece; porque não se concorda com aquela maneira de educar; porque aquela maneira de educar incomoda (nem que seja porque aponta as diferenças na educação dada por quem opina); ou, simplesmente, para não estar calad@...

E, às vezes, até compreendemos, estamos mais zen, percebemos a intenção de ajudar ou simplesmente ignoramos, outras dá vontade de responder... não assertivamente, mas agressivamente mesmo... Até porque nós também temos "telhas" e dias menos bons... E, às vezes, simplesmente, o "nosso copo está quase cheio e à espera daquela gotinha de água"...

 

No outro dia, ia a passear com o meu filho. Ele estava cansado e estava adoentado. Pediu colo, eu peguei-lhe e lá fomos à nossa vida. 

Passo por alguém que não conheço (nem faço ideia quem será, pois não parei e estava naqueles tais dias em que o melhor é mesmo não parar). Esse desconhecido começa a dizer ao meu filho, enquanto passo com ele ao colo:

- Vai para o chão preguiçoso, que já és grande para andar ao colo! 

 

E eu penso:

- WTF?!?! Conheço-o de algum lado para se estar a meter na minha vida?! Alguém lhe perguntou ou pediu alguma coisa?

Sim, ok. Podia ter ótimas intenções. O garoto está ficar grande e pesado e isso é visível. Afinal, os seus dois anos e meio já se traduzem em cerca de 14 kg.

Mas do meu filho, das minhas costas e do peso que carrego ao colo ou não, sei eu!

 

Se eu tivesse chegado ao pé do Senhor e lhe tivesse dito:

- Olhe, faça-me um favor que eu estou cansada e leve-me o meu filho ao seu colo, está bem?

Aí, ok. Tudo bem. Podia falar à vontade. Ter-lhe-ia dado essa autorização, pois não só me tinha queixado, como ainda lhe tinha de facto pedido ajuda (a um completo estranho, sim, sim...). Só que não foi isso que aconteceu e até isso acontecer vai uma larga distância...

Como se diz: De boas intenções está o inferno cheio.

 

Claro que esta é uma situação irrelevante. Quero lá saber da opinião de um estranho?

Então, porque me irritou? Porque foi importante o suficiente para a escrever aqui? Porque não a relevei/ignorei de imediato?

Porque naquele momento, o copo chegou ao limite de capacidade. Irritou-me principalmente, porque eu estava "com o copo cheio"... Cheio de opiniões que não pedi; cheio de comentários de quem nada tem a ver com a minha vida; cheio de pessoas cheias de boas intenções que se metem na educação do meu filho, sem que quem quer que seja lhes tenha pedido opiniões ou ajuda... Cheio, porque o garoto andava doente e me sentia cansada... Cheio.

 

Ou seja, tentando passar de bitter a better...

Eu sei que, na realidade, devia relevar. Seja o comentário desse desconhecido, seja o de outros (conhecidos ou não).

Só que às vezes, o racional compreende, procura relevar e seguir, mas o emocional nem sempre fica "satisfeito". Seja porque não fui capaz de ser assertiva na situação e responder expondo a minha opinião/sentimento, com respeito e calma. Seja porque achei que não valia a pena e tentei ignorar, mas fiquei a "remoer" com vontade de responder "torto". Seja porque estou mais cansada e sensível (filho doente dá cabo de qualquer pai a muitos níveis).

 

Se aquela pessoa merecia levar com a minha "fúria", porque o seu comentário "atestou o meu copo"? Claro que não. E não levou. Mas, em mim, houve um acumular... um tranbordar do copo já cheio. Não foi cheio por aquele momento, aquela pessoa, aquela situação, claro. Mas encheu.

 

Sim, eu sei e acredito que a pessoa terá visto o meu cansaço, visto que o rapazola é grande e até teria, de facto, intenção de ajudar com o comentário (ou não). Racionalmente, sei isso.

Mas, emocionalmente, cansam-me os comentários bem-intencionados de estranhos, que não me conhecem, nem ao meu filho. Que não sabem nada da nossa vida, mas não resistem a opinar...

E, às vezes, penso, porque é que está sempre tudo pronto para opinar e mandar bocas sobre as vidas dos outros ou sobre a educação que se dá às crianças?

Oh, pá... Querem ajudar? Ajudem quem precisa! Tanta criança sem pais, tanta criança institucionalizada! Tanta criança a morrer à fome neste mundo! Tanta criança a fugir da guerra e a ser morta sem razão (Síria, lembram-se? Ou só veem o vosso medo e esquecem-se do que devem sentir essas crianças e essas famílias?)... Redireccionem essas boas intenções e ponham-nas em prática! Ou ajudem os "vossos" e, mais que dar-lhes as vossas opiniões, ofereçam-se para ajudar!

 

Sim, é muito mais fácil, "atirar para o ar" do que realmente ajudar...

Eu sei. Infelizmente, às vezes, também o faço e fiz... :-/

Tenho vindo cada vez mais a tentar não o fazer. Até porque, por ser psicóloga, às vezes, esses comentários irrefletidos correm mesmo mal e percebo que as pessoas os levam "quase como um diagnóstico"... E, na realidade, foi só mesmo isso: um comentário irrefletido, uma brincadeira, uma parvoíce da pessoa (sem psicologias à mistura).

E, se nalgumas situações, tive a clareza de espírito para esclarecer e pedir desculpa, noutras só me apercebi mais tarde (os tais momentos "ups"). E, por isso, tenho vindo a tentar não o fazer...

 

Contudo, se, algum dia, me sair um desses digam-me, por favor:

- Perguntei-te alguma coisa?

Eu agradeço, que isto às vezes também me sai e nem sempre me apercebo. Assim, dão-me oportunidade de reconhecer o que fiz e melhorar. ;)

 

 

Agora um pouco de humor mais "ácido" para descomprimir... Há que deixar toda esta "bitterness" sair, não vá o copo encher outra vez...  ;)