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Ice AVenturaS

A Aventura de estar no topo do meu Iceberg... Ou seja, da minha mente! Pensamentos, reflexões, experiências, assuntos sérios ou maluquices da pessoa, mãe e psicóloga... Uma viagem talvez alucinante e meio louca!

Ice AVenturaS

A Aventura de estar no topo do meu Iceberg... Ou seja, da minha mente! Pensamentos, reflexões, experiências, assuntos sérios ou maluquices da pessoa, mãe e psicóloga... Uma viagem talvez alucinante e meio louca!

Romper o Ciclo da Desesperança

Nada melhor do que aprender por nós próprios, batendo com os proverbiais "palitos" na parede, como se diz... Ou talvez, não.

Mas, queiramos ou não, a vida corre, passa e ensina-nos (seja à força ou a bem). E mau mesmo, é se não aprendermos com ela.

 

A vida tem me ensinado que pode sempre piorar...

Não é animador, mas é aquilo que sinto.

Não me traz alegria nenhuma aquela máxima de que existe alguém no mundo que está pior, ou que podia ser pior. Isso já eu sei. Não me consola.

Pelo contrário, traz (a mim e a toda a gente) a desesperança, a estagnação e o conformismo... O deixa andar por se andar a medo. Medo de que venha pior.

E vamos andando... Sobrevivendo... Sem "respingar" muito, não se vá perturbar o status quo e piorar  mais um pouco.

E assim se faz por aceitar o estado atual, mesmo quando isso nos revolve as entranhas, mexe com o nosso sistema de crenças e valores e nos deixa numa luta interna sem par... até atingir o limite.

 

Tenho andado a viver a medo... 

 

E sinto que não estou só.... Uma desesperançada, num país desesperançado...
Temos, Portugueses, andado a viver a medo e as prestações da vida nunca mais acabam. Nunca mais chega o viver em pleno...

Aceitam-se condições precárias, justificam-se práticas de emprego injustas em que o trabalhador é explorado (porque a empresa não pode; porque está má a economia; porque não há alternativa; porque se não queres/aceitas, há uma fila imensa atrás de ti desejosa de aceitar -  e há mesmo - ), aceita-se o que se considerava amoral e chega-se à conclusão que se engole muitos mais sapos e se aguenta muito mais do que algum dia julgámos aguentar... não vá piorar...

Aceitamos políticos corruptos, Governos desgovernados, dívidas que não são nossas, imposições económicas para salvar a banca...

Aceitamos ser desconsiderados, que nos mandem emigrar e digam que vivemos acima das nossas posses.

Aceitamos viver num país em que o salário mínimo é regra, mas é normal a conta da luz chegar aos 50€, a de água aos 30€, a alimentação roubar mais de 1/3 do rendimento familiar e a renda ser 300€ ou  mais (números muito abaixo do que acredito ser a realidade)...

Aceitamos ver a nossa família e amigos partir... E aceitamos que não temos valor se ficamos, nem o temos se vamos...

Aceitamos que vivemos num mundo em que um homem que abusa das mulheres, usa linguagem obscena em discursos televisivos e insulta quem o contraria pode ser Presidente de uma potência mundial.

Aceitamos a medo e a favor de nos deixarem no "nosso canto", preferencialmente sem muitas "ondas"... não vão as coisas piorar.

 

Vamos (sobre)vivendo e chegando à conclusão que nem tudo é preto e branco... há muitos tons de cinza, muitas tonalidades que cobrem a vida e fazem cada um aceitar o que tem de ser... Com medo do que possa ser e para cumprir com as responsabilidades / obrigações da vida.

 

Longe vai o radicalismo adolescente...

Não há tudo ou nada. Não há só bom e mau. A realidade tem muitos pesos e medidas. Não se pesa em extremos.

E vamos crescendo, vivendo, e vendo outras perspetivas.

Percebemos que às vezes tem mesmo de ser, mesmo que por dentro se ferva.

Percebemos que o que é correto e sabemos/sentimos que devia ser, não pode ser.

 

E, se por um lado, isso faz parte: é suposto assim ser... É suposto aprendermos a viver na realidade e não no sonho e no idealizado, sob pena de nos sentirmos permanentemente insatisfeitos e infelizes. Por outro, às vezes, deixamos demasiado para trás. Abdicamos de demasiados sonhos e de nós...

 

Sinto que estamos(estou) conformados.

Agrilhoámos os nossos sonhos.

Deitámos fora a esperança de ser mais, de viver mais... com medo.

 

As piores amarras são as que impomos a nós próprios.

 

Eu vou crescendo e aceitando o que tenho de aceitar... A vida e as suas tonalidades. Os "sapos" indigestos. Os fogos internos que tenho de apagar...

 

Mas quebrem-se as amarras e que o medo não seja forma de vida!

Que se mantenham vivos alguns sonhos e a chama para combater a passividade!

Que se mantenha alguma irreverência e rebeldia em cada um de nós!

Caso contrário, viveremos a prestações e a vida tem mesmo tudo para piorar...