A ideia subjacente a esta nova moda dos TPCs nos Jardins de Infância (Creches, Pré-Escolas, o que quiserem chamar) era a de levar os pais a fazerem atividades com os filhos e, a de participarem na vida "escolar" dos mesmos desde cedo.
Faz algum sentido para mim, apesar de compreender os diversos argumentos contra.
Mas, só me faz sentido, se efetivamente as tarefas forem para fazer em conjunto... Se for para os pais fazerem sozinhos, perde toda a lógica.
E é, aqui, que a questão complica, pois o que se vê, na prática, é que as tarefas são feitas pelos pais sem nenhuma (ou pouca) intervenção dos filhos. Pelo menos, é essa a ideia que tenho do que falo com outros pais (familiares, amigos), dos registos que vejo por aí acerca do assunto e do que observo na escola do meu filho.
E, sejamos francos, quando se dão tarefas mais minuciosas que envolvem a psicomotricidade fina, como decorar cordéis ou construir personagens, dificilmente serão para as crianças mais pequenas fazerem!
E, quando se dão tarefas a bebés de 5 meses?!
Claro que seria estranho dar uma tarefa aos pais todos e não incluir os do Berçário, percebo isso. Se há pais que agradeciam, outros haveria que se podiam sentir excluídos. Tudo bem.
Então como resolver esta questão?
Francamente, acho que muito ajudaria se (ainda que não limitando a criatividade de cada um) se dessem pistas e algumas orientações mais precisas aos pais de como integrar a criança na tarefa.
Acho que não basta dizer algo como: "Vamos celebrar a primavera e fazer qualquer coisa para decorar árvores"; "Chegou o Natal e queremos fazer presépios"; "É o dia da família, vamos escrever mensagens em telas, papéis ou cartões"...
Podem ser todas boas ideias, porém, surge a questão:
-"Sim e como é que @ meu/minha filh@ de 1/2/3 anos entra nessa história? O objectivo não é fazer o trabalho com ele/a? Como integrá-l@ numa tarefa para a qual nem eu tenho jeito?"
(Sim, porque há imensas pessoas que nunca gostaram de trabalhos manuais, não têm jeito ou não gostam de escrever, pintar ou desenhar).
Para mim, é aqui que falha a aplicação da teoria. Porque para a colocar na prática, evolvendo efetivamente as crianças, por vezes, é preciso uma maior dose de criatividade do que para realizar a tarefa em si.
Envolver na tarefa uma criança com menos de 1 ano, como? Dão-lhe um lápis e dizem pinta? Dão-lhe uma tesoura e cola?
E com 1 ano? Já será seguro dar-lhe a tesoura? E a cola?
E com dois?
Claro que à medida que vão crescendo, torna-se mais fácil envolvê-las na tarefa.
Mas importava, se calhar, dar ideias mais concretas e ter em conta a idade (nível de desenvolvimento) das crianças na definição das mesmas.
Porque não definir um tema geral para todas as idades, para o qual cada sala (idade/nível de desenvolvimento) contribuía com tarefas diferentes adaptadas às suas capacidades?
Um exemplo: Se vamos celebrar a primavera, dizemos aos da sala dos 5-6 para construir árvores e flores (em papel, plástico, tecido) ou até para escreverem mensagens alusivas (numa idade em que se está quase a entrar para a escola, sempre me faz mais sentido); aos de 4 para pintar e recortar flores e borboletas; aos da sala de 3 para desenhar e pintar imagens alusivas; aos de 2 para fazer colagens e/ou pintarem um objecto alusivo à estação (seja um chapéu, seja um copo de iogurte aberto para simbolizar uma flor); aos de 1 para pintar flores em cartão ou borboletas (ou outros motivos relacionados que os pais achem interessantes); aos com menos de 1... bem, é sempre possível colocar as mãos no centro de uma flor de cartão ou pintar com as mãos/dedos...
Não sei... As Educadoras de Infância que se pronunciem e dêem as suas ideias! Elas conseguirão fazê-lo, bem melhor do que eu. ;)
Da minha parte, procuro sempre incluir o meu filho, seja de que maneira for.
Partilho as minhas ideias e experiências:
Com 5 meses, não consegui de facto incluí-lo na tarefa. Também porque era Inverno e de todo o modo, a tarefa era quase impossível para as capacidades dele (decorar uma corda). No máximo, teria conseguido fazer impressões dos pés/mãos dele para colar à dita. Mas francamente, não vi nem vejo a lógica de "torturar" uma criança tão pequena a pintar-lhe as extremidades para fazer impressões em papéis, tecidos...
Com 8 meses, pintámos uma tela da Primavera. As tintas escolhidas foram café e chá. Com os pés e mão, "pintou" o tronco da árvore a café e, com o chá, e os pés "pintou-se" uma borboleta. Usei lápis aguarela para pintar, que para ficarem com efeito aguarela, é necessário "pincelar" com água. Algo em que também o incluí. Basicamente, "bateu" com o pincel na tela! O resto, ficou ao meu cargo, claro está.
Já com 1 ano, sinceramente, já não me lembro qual a tarefa do Natal... Sei que para a da Primavera, ele pintou (riscou) com lápis um papel onde escrevi um poema, fez bolinhas de plasticina a representar ovos de páscoa e colheu comigo flores e frutos para a decoração.
Para o Dia da família, foi um postal, onde ele colou diversos elementos e que rabiscou para "assinar".
Com dois anos, para a exposição de espantalhos do Outono, cortou os cabelos (linhas/lãs) e colou-os na cabeça dos espantalhos... deu-me para que fossem 4. Nós cá de casa e um a representar a educadora/auxiliar(es).O avô fez a base em madeira, eu os espantalhos em tecido e respetiva roupa, com a ajuda do meu menino que cortou alguns dos tecidos. Por trás dos espantalhos, como cenário, um desenho que o meu B. pintou com toda a liberdade do mundo e colou umas peças em madeira a fazer de cerca.
Se houve tarefa de Natal, não me estou a conseguir recordar.
Para a tarefa da primavera, pintou o chapéu e a borboleta em cartão com guache (tinta de água), com pincéis e também com as mãos. E colou os chocolatinhos. As costuras e feltros, acabei por ser eu, também por falta de tempo, confesso.
Como gosto de trabalhos manuais, ao longo deste tempo, ele tem pintado também umas quantas telas comigo...
Porque pintar é algo que, mesmo com os mais pequenos, conseguimos sempre fazer (seja num papel, cartão, tecido ou outro material que possam sugerir). ;)
Deixo a deixa, quanto a tintas seguras para os mais pequeninos: pode-se usar café, chá ou gelatinas, ou então fazer tintas comestíveis (receitas aqui das que eu usei)!
Os lápis aguarela são uma alternativa, pois, dependendo da idade, ou pintam vocês e a criança só "pinta" com o pincel com água. Ou se for maior e já conseguir pintar com os lápis, pode fazer ambas as tarefas.
Os guaches ou tintas de água também não mancham a roupa e são seguros, mas aconselho o uso a partir dos 2 anos (ou quando tiverem a certeza de que eles não vão enfiar nada na boca, quando estiverem distraíd@s!)