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Ice AVenturaS

A Aventura de estar no topo do meu Iceberg... Ou seja, da minha mente! Pensamentos, reflexões, experiências, assuntos sérios ou maluquices da pessoa, mãe e psicóloga... Uma viagem talvez alucinante e meio louca!

Ice AVenturaS

A Aventura de estar no topo do meu Iceberg... Ou seja, da minha mente! Pensamentos, reflexões, experiências, assuntos sérios ou maluquices da pessoa, mãe e psicóloga... Uma viagem talvez alucinante e meio louca!

Mãe Sofre n.ºJáLhePerdiAContaRecomeçaNumeração1

Hoje foi uma daquelas manhãs...

Birras para tudo e nada com direito a choro de baba e ranho... Lavar os olhos, lavar os dentes, andar, mexer... Ir à escola, na realidade, o verdadeiro motivo.

3 diazinhos em casa, porque sexta não foi à escola e é assim.

 

Depois de muita fita e de eu, a ver o tempo a passar, já ter perdido a paciência, refilado, respirado fundo, feito "rewind" e tentado de novo, com mais calma...

 

- "Não quero ir à escooola!..." - e choro...

- "Sim, filho, eu sei. A mãe e o pai também não querem ir trabalhar e têm de ir. É assim a vida. Já falámos sobre isto. Além disso, tens os teus amigos, vais brincar, aprender e mostras os teus carros! E eu vou-te buscar cedo, passa num instante."

- "Mas eu não quero ir..." - a chorar.

- "Sim, já sabemos, mas vais de qualquer modo. olha e hoje até é dia de fotos! Vais tirar fotografias e rir-te mais que os teus colegas. Vai ser giro!"

- "Mas eu não quero tirar fotos, nem quero ir à escola..." - a chorar.

- "Sim, filho, eu sei. Mas tens de ir e não te adianta chorar. Além disso, não dizes que eu sou chata? Se eu sou chata, porque queres ficar comigo?" 

Sim porque agora anda com esta: sempre que é contrariado, chama-nos chatos! Ai, que a pedagogia qualquer dia vai com as urtigas!

- "Quero ficar com o pai!"

Ai, que é agora! Pedagogia?! Psicologia Positiva?! Quero lá saber, eu vou-me a ele!!!... Vá! Respira mas é fundo!

- "O pai já está a trabalhar há muito e eu também já estou atrasada. Vá, acabou. Vamos lá! Vai escolher carros para levar."

Vai, de ombros baixos, ar mais miserável possível.

 

Depois de muita tropelia, ar infeliz, choradeiras, e mais de meia hora desperdiçada neste festival, chegamos à escola.

 

Começo a tirar os casacos, para ele poder entrar para a sala, enquanto espero "na fila" dos meninos que estão a chegar.

Casacos despidos, começa a pôr-se a andar todo despachado e contente para dentro da sala, contornando a fila e toca a andar.

Chamo-o.

 

- "Então?! Não querias vir à escola e agora vais a correr todo contente, nem me dás um beijinho nem nada?"

Vem ter comigo, com aquele ar de "sacaninha" que ele faz às mil maravilhas, dá-me um beijo e prepara-se para se pôr a andar novamente.

- "E o meu abraço? Estás cheio de pressa para quem não queria vir!"

- "É porque vi .... (nem percebi! qualquer coisa...)"

Dá-me um abraço e outro beijo e põe-se a andar para dentro da sala, todo contente e com tanta pressa que nem cumprimentava a Auxiliar que estava à porta e que teve de o segurar e perguntar se não a cumprimentava.

 

Fico à espera na fila, sozinha, com casacos, mochila e água para entregar à auxilar e com vontade de o chamar cá fora, deitá-lo nas minhas pernas e à boa moda antiga, dar-lhe um valente sopapo no rabo!

 

A sério que tive de aturar choros de baba e ranho (literalmente!), esgotar a paciência, perder mais de meia hora, porque a Exclenência não queria vir à escola e depois ele vai todo pimpão e contente para dentro da sala?!?!?!

É hoje!!! Segurem-me!!!!!!

 

 

 

P.S.1) Note to self: Cala-te e aguenta que tu eras pior e a tua mãe aguentou estoicamente, com paciência e calma e sem te pôr o rabo arder que era o que merecias! 

P.S.2) Mãezinha, desculpa-me!!

P.S.3) Mãezinha, diz-me como aguentaste? Tomavas alguns comprimidos de paciência que me possas facultar o nome? Eu mesma me vou aviar à farmácia, só preciso do nome...

"Women... Choose Yourself!"

Esta não é uma história qualquer...

Não é apenas uma daquelas que se ouve ou se lê para rapidamente se esquecer.

Não é daquelas que lamentamos, mas foi lá longe, noutro canto do planeta.

Não é daquelas que arrepia, mas ultrapassamos rapidamente, habituados aos atos horríveis que ouvimos diariamente terem sido cometidos.

Não é apenas mais uma história.

 

Pelo menos, não para mim.

E gostava que não o fosse para o mundo.

 

Para mim é a história verídica e bem próxima de algo terrível que aconteceu a uma amiga... lá longe, mas bem perto, porque quem tem lugar no nosso coração está sempre perto. E a distância pouco interessa, quando nos toca ou toca aos "nossos"...

Infelizmente é esta a realidade... Habituámo-nos às atrocidades, à falta de humanidade, à violência e violação dos direitos dos outros. Ficamos indiferentes, a não ser que nos toque...

 

Por isso, partilho a sua história e o seu grito pela igualdade de direitos, pela denúncia dos abusos e violência contra as mulheres.

Partilho a falta de humanismo.

Partilho a naturalidade com que uma agressão violenta foi ignorada.

Partilho como apenas uma criança foi humana o suficiente para se importar com uma desconhecida, caida no chão, inerte e inconsciente.

Partilho como a atuação das forças policiais foi sexista e preconceituosa.

Partilho como quem devia ter a autoridade e o poder para agir, apenas agiu no sentido de se livrar de fazer seja o que fôr.

Partilho como num país em que supostamente as ofensas sexuais são crime, o crime passa e é reforçado pela inação.

Partilho como uma mulher muito forte e especial se teve de reerguer e reconstruir sozinha.

Partilho como esta mulher linda teve de encontrar a sua própria paz na frustração da inação das autoridades.

Partilho como ela partilhou para tentar dar força e coragem a outras mulheres, num mundo que continua extremamente machista...

 

Partilho, porque vale a pena ser lido este testemunho e pensar sobre ele.

 

E, não só por ser minha amiga, mas por se ter passado num país "supostamente" evoluído. Um país onde supostamente as ofensas sexuais eram gravemente penalizadas...

Supostamente, porque na realidade falo de um país onde se descobriu recentemente que acusações de abuso sexual por parte de candidatos a Presidente são ignoradas, desconsideradas e resumidas a "locker room talk"... Um país em que parece, pois, que usar uma linguagem sexista, discriminatória e misógina é admissível num presidente e, como tal, em qualquer homem... em qualquer ser.

Temo pela minha amiga. Temo pelas mulheres que vivem neste país que elegeu um tal presidente... 

E não consigo, de modo algum, compreender como 54% das mulheres deste país votaram "contra si próprias"...

 

E temos por todas as mulheres que em países (evoluídos ou não) são sujeitas a maus tratos e abusos físicos, sexuais e psicológicos. 

 

Ainda há um longo caminho na luta pela igualdade de direitos... Um caminho que deve ser feito também por nós, mulheres, que desculpamos, que não expomos por vergonha, que nos culpamos por ser abusadas, que educamos os nossos filhos para serem machos e não humanos... 

 

E espero que este testemunho, desta mulher forte e maravilhosa, possa ajudar outras mulheres, estejam onde estiverem, a escolher-se a si próprias!

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P.S. O breve comentário sobre o atual presidente não tem como objectivo desviar o assunto para um debate político pouco frutuoso. Também não pretendo defender a outra candidata, nem dizer que era ou não excelente... Estou apenas a expôr um receio legítimo perante os factos. Perante a atualidade no que concerne à igualdade de direitos entre sexos no país onde a minha amiga vive...

Teoria da Relatividade para pais...

Isto de ter crianças e de acordar todos os dias de madrugada, tem os seus quês...

 

Uma pessoa pensa:

Tenho de ir a vários serviços e é tudo aqui na terra... Está sol... Vou mas é a pé que poupo gasóleo e até me faz bem. 

E põe-se ao caminho, a andar rápido, que há muito que fazer hoje! 

 

Chega à porta do primeiro serviço e está...

...

...

...

...

fechado!!

 

Porquê?! 

Porque são só 8h33 da manhã! 

 

Como assim?! Só 8h33?! Eu estou a pé há uma eternidade!! 

 

Damm! 

 

Maldita teoria da relatividade temporal na versão de quem tem filhos...