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Ice AVenturaS

A Aventura de estar no topo do meu Iceberg... Ou seja, da minha mente! Pensamentos, reflexões, experiências, assuntos sérios ou maluquices da pessoa, mãe e psicóloga... Uma viagem talvez alucinante e meio louca!

Ice AVenturaS

A Aventura de estar no topo do meu Iceberg... Ou seja, da minha mente! Pensamentos, reflexões, experiências, assuntos sérios ou maluquices da pessoa, mãe e psicóloga... Uma viagem talvez alucinante e meio louca!

Organic Burials

Vi este video e graças ele, fluiram hoje esta e esta refelxão que já aqui andavam a bailar... Talvez também porque este é o mês em que a minha mãe faria anos.

 

De qualquer modo, sem querer impôr ou dizer que é isto que gostaria quem me fizessem quando eu morrer, até porque como disse aqui, não é isso que quero que façam, não podia deixar de partilhar o vídeo.

 

Achei uma ideia gira, ainda que considere que cremar e deitar as cinzas para um vaso teria mais ou menos o efeito...

Mas vejam o vídeo e digam-me vocês o que acham.

 

 

 

E assim encerro os posts tétricos por hoje.

Quando eu morrer...

Não, não me refiro à música dos Xutos & Pontapés ,  ainda que goste bastante dela. 

 

 Refiro-me à morte mesmo e em continuação do que já disse aqui: “Não há vida sem morte. Nem morte sem vida.”

 

Seja um assunto tabu ou não, ninguém pode fugir à morte. E para quem vai acumulando perdas ao longo do caminho, este assunto vai-se tornando parte da vida (seja ele vivenciado de uma maneira mais ou menos dolorosa).

 

Venho “falar-vos” da morte na primeira pessoa: da minha (tu, nossa) morte. Da questão: E quando eu morrer?

Já se perguntaram alguma vez?

 

E quando eu morrer?

O que quero ver escrito na minha lápide?

Quero uma lápide?

O que quero que façam ao meu corpo quando morrer?

Quero ser enterrada? Quero ser cremada?

Quero que me vistam algo em especial?

 

Tenho-me vindo a interrogar e as minhas respostas têm mudado ao longo dos tempos.

Não desejo a morte, de modo algum e muito menos desejo o provavel sofrimento prévio a ela. Mas concebo-a como inevitável.

Acredito que quando morrer, morri. Acabou. Acabou tudo: felicidade, dor, alegria, tristeza... Não importa. É o fim.

E, ainda que não a desejando, entre perder aquelas pessoas ou morrer eu, por favor, deixem-me ir, que o que eu não sei se aguento é mais perdas.

(E já agora, eu sou a favor da Eutanásia, façam-me o favor de tropeçar lá no fio e desligá-lo da corrente se for só isso que me mantem viva.)

 

Então, e quando eu morrer?

 

Costumava dizer que gostava de ser cremada, mas não para guardarem as minha cinzas e “passarem a ter o cemitério em casa”. Não, por favor. Que as deitassem ao vento, ao mar, para uma planta, para o lixo. Era-me igual.

 

Mas, a realidade é que não importa. Já não serei, não estarei, não sentirei, não verei. Não interessa.


Por isso, façam o que entenderem e vos fizer sentir melhor. O que importa é que quem fica faça o que os ajudar mais... O que lhes dê maior amparo, alívio ou conforto...

 

Uma campa para visitar? Ok.

Um enterro com aquela roupa em que gostavam de me ver, com cara tapada ou não, caixão aberto ou fechado, na igreja ou não? Tudo bem.

Uma cremação e guardam a urna com as cinzas? Ok.

Não querem as cinzas e preferem deixá-las mesmo no cemitério/funerária? Tudo bem.

 

Sinceramente, o que eu quero é que quem fica, sofra o menos possível e que faça com o meu corpo (sim, corpo, eu já não estou!) o que achar melhor e lhe traga menor sofrimento.

 

Assim, têm a minha autorização em vida, para fazerem o que bem entenderem comigo quando já não estiver cá.

 

 

E, vocês? Já algum dia se questionaram ou pensaram sobre isto?

Intermitências da Vida

Não há vida sem morte. Nem morte sem vida. 

Ambas fazem parte de um continuum. Em extremos opostos, é certo. Um início e um fim numa linha da vida de alguém, às vezes mais reta, outras mais curva, com mais ou menos intermitências, cortes, retrocessos e avanços. Ainda assim, a verdade é que ambas estão presentes e complementam-se. Não há como lhes fugir. Nada é infinito e como muito bem ilustra Saramago, se a morte fosse de férias, a vida não seria assim tão magnífica e o status quo estaria longe da perfeição... 

 

Mas, obviamente, esta racionalização do que é a vida e a morte, não tira o peso emocional, nem alivia a dor que sente quem perde alguém!  Não pretendo de modo algum minimizar o sofrimento, o turbilhão emocional, a sensação de quase loucura, revolta, dor e saudade sentidas após a morte de quem se ama. Não mesmo! 

 

Já me morreram pessoas muito importantes e, aqui incluo o que foi o meu "filho" durante quase 14 anos, o meu cão. E, atenção, antes de começarem a chover pedras por chamar filho a um cão ("Vá-se lá ver, que ofensa e desconsideração que só pode ser proferida por quem não sabe o que é ter um filho mesmo!"), eu tenho um filho... Uma daquelas criaturas pequenas que se gera dentro do nosso ventre por 40 semanas (quase 41, no meu caso) e que enche a nossa vida, quando sai de lá para fora com quase tanta "chatice" como "alegrias" ("Que mãe horrível para falar assim de um filho! Está tudo explicado! Só uma mãe destas pode chamar filho a um cão!"). E sim, são situações muito diferentes e o meu filho "canino", não tem nada a ver com o meu filho.

 

Mas, o meu cão era um lorde. Teve uma vida boa, em que foi tratado como um filho, como o bebé cá de casa ("Bebé?! Um animal?!" - Nós também somos animais e às vezes não muito racionais, se não vejamos o que se está a passar na Síria...), que ia connosco para todo o lado, que tinha rações e comidas especiais, passeios e miminhos, que entrava para todo o lado em que o permitissem ao colo ou dentro de uma sacola, que tinha caminhas nos vários sítios da casa onde gostava de "roncar" (e bem alto que o fazia!!), que ia ao médico e foi ganhando uma farmácia maior que a de muita gente à medida que foi ficando velhinho.

Era um cão, é certo. Não era menos amado, por isso. O facto de ser um cão não me impediu de passar uma manhã inteira na minha lua-de-mel a chorar, milhares de km de distância, porque ele se tinha sentido mal, os meus sogros o tinham levado a um novo veterinário e este tinha acabado de me informar por telemóvel, que o meu "menino" estava velhote, tinha problemas cardíacos, artroses e outras questões que tinham de ser analisadas e que só o faria quando nós regressássemos. Não me aliviou a dor no coração, nem me diminuiu a ânsia e receio de o perder, por saber que era um cão. Não me doeu menos por ser um cão, quando chegou a altura de tomar a decisão de o aliviar com "uma morte na ponta da seringa" ou se o deixava morrer naturalmente, apesar do sofrimento visível em que estava.

 

Claro que é diferente do amor, relação e do que tenho com o meu filho. Óbvio. Nem quero imaginar, não posso, nem consigo sem quase se me encherem os olhos de lágrimas só de pensar na hipótese de o perder... Porque eu sei que essa hipótese, infelizmente, é real. A vida ensinou-me isso à medida que foi desaparecendo com algumas das pessoas mais importantes que tinha e que julgava que "nunca" iria perder... Ou pelo menos, não tão cedo.

Não. Dói muito. Dói só de pensar na hipótese de perder certas pessoas... Não quero pensar nisso.

 

Mas o que quero dizer é que os laços, os afetos, as vidas que nos tocam não se medem em racional ou irracional, em tipos, raças ou cores. Os sofrimentos não se comparam, nem se medem. Tal como o amor sentido por cada um de nós. Há quem ame pessoas, animais, objetos, estatutos sociais, dinheiro...

Cada um sabe de si e do modo como vivencia as suas perdas… Do modo como sente e é afetado pelas “intermitências” da sua vida.

Será que o Surf também dá vontade aos "espéciMENs" de passar a ferro?

 

É que se der, mandem-me já umas 20 caixas cá para casa! Eu pago-as de bom grado!

 

Esse é que era um bom segredo! O maridão cheio de vontade de lavar, estender e passar a ferro e eu... caladinha que nem um rato! A vê-lo, estendidinha no sofá! :P