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Ice AVenturaS

A Aventura de estar no topo do meu Iceberg... Ou seja, da minha mente! Pensamentos, reflexões, experiências, assuntos sérios ou maluquices da pessoa, mãe e psicóloga... Uma viagem talvez alucinante e meio louca!

Ice AVenturaS

A Aventura de estar no topo do meu Iceberg... Ou seja, da minha mente! Pensamentos, reflexões, experiências, assuntos sérios ou maluquices da pessoa, mãe e psicóloga... Uma viagem talvez alucinante e meio louca!

Insignificâncias que me fazem amar-te mais todos os dias...

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O que tem esta imagem de especial?

Dois ratos de computador. Um "grande/normal" e um "mini"...

Um rato mini, sem fios, comprado pelo homem que amo, o melhor pai do mundo.

 

Porque digo isto? Qual o espanto? Qual a maravilha? Afinal, é apenas um rato, não é verdade? Nada de especial. Não tem brilho, não tem bonecos, não é muito diferente de qualquer outro. É um rato, apenas mais pequeno e sem fios.

 

O espanto, a maravilha, o especial, é o gesto e o que ele representa.

É um rato pequeno e sem fios comprado para que o nosso menino pudesse ajeitar-se melhor quando vai ao PC.

É pequeno para caber melhor na mão dele e para que o possa segurar bem, clicar nos botões e usar a rodinha.

Não tem fios para não criar resistência e para que ele o possa puxar para ao pé de si, em vez de estar em equilíbrio na cadeira tentando alcançar o rato sem deixar de chegar ao teclado.

 

Por isso não é apenas um rato comum, mas sim um gesto de amor, carinho, empatia e de consideração pelas necessidades deste ser pequenino que tanto amamos.

 

E por isso, este rato "insignificante", muito signifa e faz-me amar este pai (meu marido, companheiro) ainda mais.

 

Efemeridade da vida...

Tive de fazer uma viagem de 90km na terça...

Ia para ir pela A13, mas mal entro na Autoestrada, aparecem avisos: "estrada cortada em Penela".

Não arrisco, não tento... Tenho medo e tenho um horário a cumprir... Saio na primeira saída. Regresso para apanhar a A1.

 

 

Já na A1 e a caminho,  apanho trovoada e chuva forte e naquele momento, tenho medo, recordo "trovoadas secas", penso no meu filho e marido... Tremo com cada raio que me parece cair na frente entre a chuva grossa e as luzes dos outros carros... 

Lembro como a creche tem tanta árvore e zona de mato à volta, apesar de longe dos fogos... Penso no meu filhote. 

Lembro como o meu sogro gosta de piqueniques na serra... Como ainda este feriado estivemos numa praia fluvial em plena Serra na zona que arde há dias... Penso que quero tudo menos ir para serras... 

Tenho medo. Lamento cada perda, cada vida tirada de um modo tão violento... 

 

Não quero ouvir, não quero saber. Mas anseio saber, estar ao corrente com uma ânsia principal... A que todos temos... Já acabou? 

 

Tenho de ir trabalhar, nada a fazer. Dia fechada em avaliações, sem contacto com notícias... 

 

 

Volto ao fim do dia com 39° a marcar no carro... Fumo, cinza por todo o lado e estou a km dos fogos...

Tenho família, amigos e clientes nas zonas que ardem...

Nunca mais acaba? 

 

Não quero saber de culpas agora, quero saber que está controlado. Que não houve mais mortes. Que acabaram os feridos e as fugas pela vida... 

 

Quero que me digam qual o plano de fuga melhor, qual o percurso ou o que devem as pessoas fazer perante o fogo que avança, em vez de ver imagens de fogos altos e corpos carbonizados, carros desfeitos... 

Quero saber como e em que posso ajudar, que difundam as listas divulgadas pelas autarquias e bombeiros acerca das necessidades sentidas... 

 

As culpas... ficam para depois... Depois, quando houver tempo para o luto se fazer em pleno e vierem os "porquês" que não têm resposta, a raiva pela injustiça da vida, e a depressão por tamanha perda... 

 

Insignificâncias preciosas...

Adoro o meu filho. Sério! É a minha paixão, o meu mais-que-tudo, a minha vida. E o meu marido também o adora. É o nosso menino e por ele tudo nesta vida e na outra. É um amor diferente, desmedido, o entre pais e filhos.

 

Mas não somos só pais. Somos namorados, somos marido e mulher, somos um casal.

E também nos amamos um ao outro, muito e há muitos anos, muito antes de se pensar sequer num "pardalinho". Há precisamente 18 anos.

 

Como disse, sem questionar o amor pelo nosso filho, há coisas que nos fazem falta.

Coisas que podem parecer ridículas, insignificantes, mas que são preciosas e nos fazem muita falta há quase 4 anos.

Coisas que para outros casais não se terão tornado acontecimentos raros, mas que o são para nós.

 

Por isso, neste dia, vamos festejar a fazer essas coisas insignificantes...

 

Vamos almoçar a dois, sem barulho.

Vamos conversar enquanto almoçamos com calma, sem ninguém a chamar por nós ou a entornar a comida toda.

Vamos conversar sem ninguém interromper só porque sim, para chamar a atenção.

Vamos tomar um café nas calmas, sentados numa esplanada, sem um "pardalinho" a dizer que está farto ou a saltitar na cadeira sem parar.

Vamos sentar numa esplanada e relaxar, sem preocupações, só os dois "a ver quem passa".

Vamo-nos alapar no sofá e ver um filme durante o dia.

Vamos ver algo que gostamos na TV, sem interrupções e sem que adormeçamos de exaustão porque o dia foi longo.

Vamos "fazer nenhum" e relaxar.

Porque tenho saudades de "fazer nenhum" a dois.

 

E, depois, mais repousados e contentes do nosso momento a dois, vamos buscar o nosso rebento, o nosso menino, e celebrar em família o facto de, há 18 anos, os pais dele terem dado as mãos e não mais as largarem.

 

Sem culpas, porque se não houver momentos a dois de vez em quando, também não haverão momentos a três...

Como se diz, o segredo está nas pequenas coisa... ;)