A propósito deste post...
Eu acho que ele tem razão. Infelizmente, tem.
Temos todos culpa de algum modo.
Não fomos nós que ateàmos os fogos. (Pelo menos eu não e espero que quem me lê também não!)
E podemos até nem ter feito aquela "queimada" que sabíamos estar proibida ou atirado aquela pirisca pela janela do carro, certos que só as piriscas dos outros é que começam incêndios.
Podemos não ter limpo o terreno de nossa casa ou ignorado o mato sujo e alto que vimos perto das nossas cidades.
Mas contribuimos de várias maneiras para o status quo...
Nenhum homem é uma ilha e todos nós, habitantes deste planeta, de algum modo ajudamos a contruir a nossa realidade.
Há 3 anos, pelo menos que tenho fotos na praia em Outubro.
Acho normal? Não.
No primeiro ano, estranhámos, comentámos, dissémos "o tempo está louco"...
3 anos depois, já não é uma ocorrência estranha... é um padrão.
Contrariamente às declarações delirantes do presidente de uma certa super potência, acredito que é do senso comum que estamos a dar cabo do planeta... E também o é que há pequenos comportamentos que temos de alterar, quanto mais não seja porque os mais pequenos nos trazem esses ensinamentos porta a dentro.
E os que são pequenos demais para tal, temos nós a obrigação de ensinar, de lhes encutir estas práticas para o bem deles e para que tenham uma hipótese de futuro.
Por isso, com o país a arder, escrevo-vos para contar o que faço no dia-a-dia para tentar ter um mundo menos poluído e mais consciente na esperança de passar algumas estratégias e conversas (ou aprender convosco algumas) para ensinar aos mais novos outros caminhos...
Reciclagem...
Temos um caixote do lixo (indiferenciado) e 3 caixotes de reciclagem com tampas de cor diferente (amarelo, azul e verde). O nosso filho, de 4 anos, já sabe onde é que se coloca o plástico ou o papel (o vidro também, mas não mexe em vidros de um modo geral).
Às vezes pergunta-me:
- "Mamã, onde ponho isto? " (isto sendo um lixo qualquer que tenha na mão)
- "Isso é papel/plástico onde achas que deves pôr?"
E ele põe no caixote certo.
Lavagem das mãos / dentes / banho...
Sempre tentámos ensinar-lhe que a água não só é cara, como é um bem precioso e necessário para toda a gente, que está a escassear. Por isso, nestas atividades, tentamos evitar o desperdício e lembrá-lo para não deixar a água a correr sem necessidade.
Aproveitamos para lhe explicar que todos precisamos da água e, como temos a sorte de morar num sítio que tem muitos riachos (ou tinha no inverno passado), a escassez deles e os leitos vazios são oportunidades para lhe mostrar evidências de como a água está em falta, apesar de sair da torneira sempre que ele a abre.
Ontem, a propósito dos incêndios, diz-me ele:
- "Oh, mãe eu demorei um bocado a lavar as mãos e estive com as mão na água muito tempo... Achas que os bombeiros não vão ter água para apagar o fogo?"
- "Hão-de ter filho, não te preocupes. Mas tenta não fazer isso, está bem, lindo? Tu sabes que todas as pessoas precisam de água, não podes gastá-la tu toda."
Lixo nas florestas e praias...
Nós gostamos de fazer piqueniques, quanto mais não seja porque sempre se poupa uns cobres a não ir a restaurantes...
Numa das últimas idas à praia (em Outubro...), fomos fazer um piquenique num parque de merendas muito concorrido aqui da zona. Estava lá bastante gente, incluindo festas, como é hábito.
Quando olhámos em volta, já depois de comer e arrumar as nossas coisas de piquenique e recolhermos o nosso lixo, vimos o parque cheio de lixo. As pessoas comeram, foram embora e deixaram o lixo todo espalhado por todo o lado: garrafas vazias, latas, guardanapos de papel, comida, lixo... tudo no chão...
O nosso filho, reparou, comentou e tivémos de lhe explicar que havia pessoas que não tinham consideração pelos outros e que não se devia deixar lixo em todo o lado, pois todos usavamos aquele espaço, etc...
Papel, árvores e a importância do oxigénio puro...
Não me lembrando agora de situação nenhuma específica sobre isto, sei que já tive esta conversa de um modo geral, quanto mais não seja porque ele é asmático ou porque estava no café a tirar 20 mil guardanapos de papel para limpar a boca, como é hábito nas crianças... Já lhe explicámos por isso de onde vinha o papel e que as árvores eram muito importantes.
Os carros e a poluição...
Já falámos algumas vezes, porque ele acha piada aos carros e associava o escape a velocidade e, porque eu sou um pouco claustrofóbica e dificilmente passo por um parque subterrâneo sem me queixar do cheiro ou ar que se respira neles. Como tal, a conversa e explicação surge com naturalidade quanto mais não seja a partir de um protesto meu ou pedido para andar mais rápido para sair "daquele ar".
E, vocês, que cuidados/conversas têm com os mais novos?