Crescer é...
... perceber que nem tudo se divide em preto e branco. Existem tonalidades e cores múltiplas.
... perceber que ninguém é perfeito. E muito menos nós.
... perceber que a vida nem sempre permite fazer ou ser aquilo que sonhámos na infância ou adolescência.
... perceber que existem níveis gradativos para aquilo que cada um consegue aceitar e viver com, mesmo que isso não lhe agrade.
... perceber que há prioridades na vida e que estas se sobrepõem e nos motivam para fazer mesmo o que não gostamos.
... perceber que ser "crescido" não sinónimo, mas antónimo de fazer o que nos apetece. Faz-se na mesma o que se tem de fazer (com ou sem vontade), a diferença é que os "adultos" obrigam-se a eles próprios.
... perceber que querer não é sinónimo de acontecer, mesmo que se queira muito, pois simplesmente às vezes isso é impossível (lamento malta da Psicologia positiva).
... perceber que é importante ter aspirações, desejos e sonhos, mas manter o pé no chão para não bater com os "queixos".
... perceber que é preciso ir à luta e aceitar as oportunidades que a vida nos dá, nem que isso nos leve a repensar e a avaliar todo o nosso percurso e caminho futuro.
... perceber que toda a ação tem consequências e nenhuma decisão surge no nada ou num campo de abstração teórica.
... perceber que a liberdade de cada um termina onde começa a dos outros e que isso não é apenas um dizer: é mesmo para pôr em prática.
... perceber que não podemos fazer ou dizer tudo o que nos passada pela cabeça ou que nos apetece. Ou pelo menos, ter noção de que os outros podem reagir, fazendo ou dizendo também o que lhes apetecer.
... perceber que muitas vezes, mais do que o que se diz, importa o modo como se diz.
... perceber que há uma diferença grande entre assertividade e agressividade, tal como a há entre frontalidade e má educação.
... perceber que nem toda a gente gostará de nós e que isso não importa: se gostarmos de nós, mesmo tendo apenas 1, 2, 3 pessoas realmente importantes na nossa vida, temos toda a gente que precisamos.
... perceber que devemos sempre ser simpáticos com os outros, mas às vezes dá jeito ser antipático (o que não quer dizer mal-educado).
... perceber que importa escutar os outros.
... perceber que nem sempre vamos concordar com os outros, mas isso não quer dizer que a nossa opinião é mais válida ou que devemos dar tudo para os convencer daquilo em que acreditamos.
... perceber que cabem no mundo todas as opiniões, cores, ideologias, preferências, personalidades, etc. e que isso é parte do que faz a vida ser fantástica (mesmo que às vezes nos irritemos).
... perceber que as divergências devem ser vividas em respeito e não impedem amizades ou amores.
... perceber que ninguém sabe melhor do que o próprio o que é melhor para si.
... perceber a diferença entre o essencial e o acessório, e "selecionar chatices" a partir daí (decidir com o que vale a pena preocuparmo-nos ou chatearmo-nos).
... perceber que é importante aprender a relativizar se queremos manter a sanidade mental.
... E, principalmente, conseguir aceitar isto tudo em nós.
Será talvez esta a parte mais difícil: aceitar e viver em paz com o que somos/temos.